É praticamente impossível estar conectado com a intensidade e a frequência que estamos sem nunca termos ouvido ao menos uma vez esse nome – Millennials. A geração, nascida a partir dos anos 80, nasceu junto com a explosão da internet e é a faixa etária mais expressiva em diversos lugares do mundo, movimentando mais de U$2 trilhões globalmente só no último ano. Como bons amigos de infância, a Geração Millennial (ou geração Y) e a internet cresceram juntas e há anos vêm se conhecendo e se aperfeiçoando cada vez mais. As gerações anteriores precisaram parar para aprender com essa dupla, e isso culminou naquilo que pode ser um diferencial na hora de alavancar as vendas de uma marca – a supervalorização dos Millennials. Calma, a geração Y é fundamental e deve fazer parte de todos os processos de construção e comunicação de quaisquer marcas, mas voltar a prestar atenção nas outras gerações faz com que você veja o outro lado da comunicação e pare de focar apenas no óbvio, colhendo os frutos de um posicionamento abrangente, bem alinhado e satisfatório.
Os Baby Boomers, nascidos entre os anos 40 e 60, estiveram presentes em grandes movimentos sociais. O trabalho pesado, o princípio da luta por direitos iguais entre homens e mulheres, a quebra de barreiras políticas, protestos de todos os tipos, em suma: revolução. Deles, surgiu a Geração X, entre os anos 60 e 80. Ali nasceu uma geração que lutava pela liberdade física, de gênero e de escolha. Eram mais “rebeldes” do que a geração anterior. Os Millennials, em maioria, são frutos da Geração X, e partiram de outro princípio – querem flexibilidade, agilidade e tendem a separar muito bem o trabalho da vida pessoal, embora sejam adeptos à postura “humanizada” em todas as áreas de sua vida. Já nasceram em uma sociedade muito mais aberta às diferenças, ao irreverente, e se comunicam através de uma linguagem muito mais solta e amigável. As marcas têm sido ensinadas que seu futuro depende dessa geração, e costumam se comunicar apenas com ela, esquecendo as gerações anteriores. Mas porque isso acontece?
“Conquiste-os enquanto eles são jovens”
Esse conceito, muito utilizado para justificar a comunicação direta e incessante aos Millennials, surgiu porque em muitos casos é mais barato manter os clientes que você já tem do que conquistar novos clientes. Além disso, educá-los e fidelizá-los desde cedo seria uma garantia de que eles continuariam consumindo sua marca à medida que fossem conquistando mais poder aquisitivo ao longo dos anos. Bom, depende da categoria. Na indústria automobilística, por exemplo, os Boomers e a Geração X só passaram a adquirir carros de luxo em sua meia idade porque carros desse porte sequer existiam quando eram jovens. Nesse caso já não se aplica a teoria de que eles cresceram vendo anúncios de carros de luxo e passaram a adquirir o produto com a expansão do seu poder aquisitivo. Ou seja, as empresas automobilísticas desse segmento ganharam novos clientes – que não são Millennials, nem as acompanharam durante anos. No caso da Coca-Cola, não passamos a consumi-la porque vimos um anúncio pela primeira vez ontem, mas porque nossos pais e avós cresceram em contato com a marca, até chegar na geração atual. Um posicionamento não exclui o outro, e o problema não é segmentar sua comunicação aos Millennials, mas a obsessão por eles que faz com que as empresas ignorem as gerações anteriores. Há tanta diversidade nas gerações e entre elas, que é um desperdício não aprender com cada uma e prestar atenção no que elas podem ensinar na hora de criar, comunicar e vender. Aprendemos a focar apenas nos Millennials porque os consumidores mais maduros e experientes são mais difíceis de convencer. Ou seja, a obsessão pela geração mais nova pode ser um risco que corremos ao tentar ir pelo caminho mais fácil, e simplesmente nomearmos esse caminho de “estratégia digital”.
Como revolucionar sua comunicação
Ao olharmos para todas as gerações e absorvermos o que elas têm a nos passar, paramos de focar apenas no óbvio e começamos a traçar estratégias mais abrangentes e, sim, mais complexas. Comunicação e sua frente digital tem a ver com questionar, criar, revolucionar e estar conectado o tempo inteiro, aprendendo sempre mais – mas nunca nos conformarmos com apenas uma só fonte de conhecimento. O enfoque jamais será único – e essa complexidade de um trabalho que tem como base diversas plataformas é o que leva ao sucesso. Não basta olhar apenas para os Millennials, nem ignorá-los, mas reconhecer que ler muitos livros nos enriquece muito mais intelectualmente do que apenas um só. Revolução na comunicação envolve pensar não apenas fora da caixa, mas por todos os ângulos dela.